Guia do MBA

Como escolher o MBA?

Publicado em 24/04/2018 no Guia do MBA 2018 – Estadão

Sete passos para fazer um mergulho pleno nos estudos e tirar o melhor proveito da empreitada

Quando o assunto é MBA, não faltam opções de temas, currículos, metodologias e durações diferentes. A escolha não requer apenas pesquisa minuciosa das alternativas, mas também autoconhecimento para entender se é o momento certo de fazer o curso. Se a resposta for positiva, dê o próximo passo: planeje a empreitada.

 

1. Diagnóstico

O primeiro passo para escolher o curso certo é fazer a autoavaliação da trajetória profissional e dos objetivos pessoais, identificando características, pontos a desenvolver e metas. Mais do que um planejamento para a carreira, faz-se necessário ter um “propósito de vida”. “Imagine-se daqui a 20 ou 40 anos, mais ou menos. Onde você gostaria de estar? Que história você gostaria de contar sobre os seus últimos anos ou décadas?”, pergunta Andrea Lages, coach da Lambent, empresa especializada na certificação de coaching. “Quando a gente consegue pensar lá na frente, faz um planejamento estratégico melhor.”
Há três situações em que o MBA é mais indicado: quando a pessoa é promovida para uma função de liderança e já tem a responsabilidade de coordenar uma equipe; quando a pessoa está prestes a assumir um cargo de gerência pela primeira vez e quando um profissional de perfil técnico abre seu próprio negócio – ele vai precisar de técnicas de gestão para coordenar os funcionários e garantir o crescimento da empresa. “Nesse momento, falamos que se deve buscar um processo de horizontalização da carreira, até porque ela vai mudar”, diz Caio Peppe, coordenador da pós-graduação da Universidade São Judas.

2. Orientação

Para Lilian Cidreira, consultora de recursos humanos, é importante conversar com gente experiente do mercado, chefes, ex-chefes e colegas de trabalho. Isso e as trocas com pares, pessoas da equipe que respondem ao profissional e com o líder costumam trazer clareza sobre o modo como se é visto e percebido. “Ajuda a descobrir o curso de MBA e outras demandas e desenvolvimentos que é preciso ter para a carreira.” Há mais recursos, a exemplo das ferramentas de análise de competências e dos processos de mentoria e de coaching. Entre esses dois últimos, as diferenças são significativas. Na mentoria, a interação ocorre com alguém mais experiente, no mesmo ramo que o aluno escolheu. O coaching tem potencial para definir objetivos, desenvolver habilidades e fazer escolhas na carreira e na vida. “Quando você já está no nível de chegar a ser diretor, quando começa a ter uma visão mais estratégica do todo da empresa, aí você realmente precisa de um coach”, afirma Paulo Lemos, coordenador do MBA da Fundação Getulio Vargas.

3. Planejamento

Um plano de ação eficaz envolve boas estratégias para o uso do tempo e do orçamento. Será necessário escolher, por exemplo, entre guardar dinheiro para pagar à vista – o que pode atrair descontos e reduzir o valor do investimento – e pagar aos poucos, durante o curso. Vale lembrar que muitas instituições oferecem bolsas e outras formas de crédito. Também é necessário analisar as finanças pessoais e prever custos de investimento – parcelas, taxa de matrícula, livros, transporte. “Faça um diagnóstico minucioso: quanto ganha, gasta e sobra, quanto tem investido”, diz Alexandre Prado, especialista em economia e finanças. Para ele, o planejamento ajuda até quem está desempregado a arcar com os custos.

4. Como escolher a instituição

A escolha da instituição pode surgir antes de o aluno definir exatamente o curso, porque detalhes como infraestrutura, reputação, reconhecimento, métodos de ensino e boas notas entre os critérios de excelência do Ministério da Educação fazem diferença e podem definir contratações. A especialista em desenvolvimento humano Adriana Schneider ressalta a importância dos critérios de qualidade tanto para cursos presenciais quanto para os de ensino a distância. “O primeiro passo depois de entender exatamente o que você busca é procurar quais instituições de ensino existem na sua localidade e como elas têm sido vistas pelo mercado”, diz a consultora de recursos humanos Lilian Cidreira. “Não adianta procurar fazer um MBA somente para ganhar a titulação e, no momento da entrevista, não ter embasamento e profundidade sobre os temas aprendidos.”

5. Como escolher o curso

Com as metas definidas nas fases de autoavaliação e orientação, começa a procura pelos cursos mais apropriados. Além de levar em conta os próprios objetivos e o investimento necessário, é preciso analisar outros aspectos: formação de professores, possibilidades de networking, como é o processo seletivo e, se houver, as experiências no exterior – além de entender a modalidade do curso, seu reconhecimento por meio de selos de qualidade (acreditações) e sua presença em rankings. Um método detalhado para se informar é ler as ementas de cada disciplina, com a descrição do que é oferecido. Outra coisa que ajuda: olhar para o futuro. As mudanças no mercado de trabalho são velozes, e as possibilidades de MBA vão desde os mais clássicos àqueles que focam em novas ferramentas e habilidades bastante específicas. “Eu faria uma análise do que preciso saber para sobreviver ou empreender nesse novo mercado”, diz Adriana Schneider. Segundo a especialista em desenvolvimento humano, uma das perguntas que o candidato deve fazer a si mesmo é: que habilidades eu preciso ter para esse mundo novo, que não necessariamente é o mundo atual?

6. Estudo, trabalho e vida social

Administrar uma rotina que inclua estudos – todos os dias da semana, algumas noites, ou todos os sábados durante meses –, trabalho e família não é uma tarefa trivial e requer força de vontade, dedicação, planejamento, organização, foco e disciplina. Alcançar o equilíbrio exige avaliar a própria satisfação com cada área da vida. Em vez de eleger prioridades e tentar separar trabalho e vida pessoal, a sugestão é dedicar atenção a todos os aspectos e evitar excessos. “Uma pessoa bem resolvida no maior número de áreas possível tende a ser um melhor profissional”, afirma a coach Andrea Lages, da Lambent. “Não existe essa história de ‘deixa sua vida pessoal do lado de fora’. Não é possível, não somos fragmentados dessa maneira.”
Durante o MBA, com todas as demandas de tempo e dedicação envolvidas, o comprometimento e o engajamento da família e o apoio no ambiente de trabalho ajudam muito a alcançar a meta e a concluir o curso. “Os familiares devem estar cientes dos objetivos e devem se comprometer a ajudar, na medida do possível”, recomenda Alexandre Prado, especialista em economia e finanças. “O importante é que entendam que se trata de uma situação passageira em que todos serão beneficiados.”

7. Acabou o curso. E agora?

O principal aprendizado do MBA ocorre na aplicação prática dos conceitos, então a evolução continua mesmo depois da conclusão do curso e os resultados surgem no médio e no longo prazo. Em geral, é preciso ter paciência até perceber diferenças substanciais no dia a dia no trabalho, como novas atribuições ou aumento de salário. “O profissional tem um tempo de efetuar os modelos que aprendeu, fazer correções e, a partir de então, colher os resultados”, diz Caio Peppe, da Universidade São Judas, para quem os efeitos positivos de um MBA começam a aparecer, em média, quatro anos depois da matrícula. Para Peppe, se o aluno almeja obter resultados rápidos, o curso mais apropriado provavelmente não é um MBA, e sim uma especialização ou curso livre focado em habilidades mais técnicas. “Existem pesquisas que mostram que a perspectiva salarial pode aumentar [com o MBA], mas uma coisa não garante a outra”, avalia a coach Andrea Lages. “Só um item no seu currículo talvez abra portas, mas o que vai fazer com que você progrida são os resultados que entrega.”

 

As vantagens de ter uma rotina

Ao passar no processo seletivo e começar a estudar, cuide do seu tempo Planeje os horários: estabeleça para cada dia o tempo disponível para as coisas da vida (estudo, trabalho, família). Crie uma grade de horários com intervalos de uma hora entre as atividades e marque o número de horas necessárias. Atribuir cores para cada compromisso permitirá um controle visual mais efetivo.
Organize os ambientes: os locais de estudo e de trabalho devem estar sempre organizados e limpos. Na hora de estar ali, é preciso se sentir confortável e ter tudo ao alcance da mão: não há tempo a perder procurando o que for necessário.
Crie um plano de estudos: isso permite distribuir o tempo para estudo dentro do que foi estabelecido no planejamento principal. Envolva a família: vocês podem estabelecer juntos a distribuição das tarefas domésticas ou horários sem interrupções durante o estudo. O importante é que os limites sejam respeitados.
A situação é passageira e, no fim, todos serão beneficiados. Seja produtivo e mantenha o foco: nada de enrolar. Evite distrações e concentre-se. Não pense no que estava fazendo antes ou na próxima tarefa. O foco é no agora. Se ficar preso no trânsito, aproveite para escutar uma aula, assistir a um vídeo, ler um conteúdo. Todo minuto conta a favor.
Descansar é fundamental: mente e corpo estressados e estafados não produzem e não absorvem conteúdo. Os momentos para descanso são importantíssimos, bem como as pausas de cinco minutos a cada duas horas de atividade. Isso pode elevar o rendimento. Use a tecnologia: as facilidades tecnológicas são aliadas e podem melhorar produtividade e organização. Portanto, identifique os recursos (agendas, gravadores, lembretes…) que possam contribuir para um melhor desempenho e recorra a eles. Horários sagrados: obrigue-se a ter aqueles horários que não podem ser mudados. Por exemplo, jantar com a família X vezes por semana e fazer uma hora de atividade física Y vezes por semana. E por aí vai. Use o tempo a seu favor. E respire.

 

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